Natal, doce lar
Uma carta aberta ao Natal. Feliz Natal!
Natal, doce lar, há anos que te espero todos os dias à porta, e todos os dias são santos. Este ano e este dia não serão diferentes.
Perguntava por ti à mãe todos os dias até ser o teu, mas hoje espero-te. Espero-te alegremente pela magia que essa espera me traz.
Dizem que há em ti um Pai que traz prendas aos meninos, mas há tantos que não o têm (nem às prendas). É que pai que se preze olha por todos os filhos e não apenas pelos que se portam bem. Mas falemos novamente de ti, Natal. Com ou sem Pai, serás sempre a alegria e esperança fugaz do mundo. Trazes as memórias já velhinhas dos avós que se foram, e dos que ainda estão, lembras sempre que é bom tê-los no nosso enleio. É pena que estejas connosco tão depressa.
Se às pessoas pudesse explicar-te, diria que és a salvação da pouca esperança que ainda por aqui paira. Mas todos sabemos que não és. Já paraste guerras, é verdade; e também é verdade que unes até os que mais se odeiam, mas nunca vens para ficar. Lamento que venhas sempre pronto a sair, Natal.
Há anos que te oiço acercar pé ante pé pelas nossas janelas dentro, e não é por isso que o teu chegar me fica indiferente. No dia que deixar de te ouvir abeirar, sairei em busca de ti, mesmo que o inverno doa, porque ainda acredito no Natal, ainda sinto a magia do Natal, e só ma tirarão quando não mais puder dar rumo às palavras.
Estás em filmes, músicas, cartazes, carros, jogos de tabuleiro e de vídeo, nos doces; nas nossas casas. És, decerto, o ser mais desinteressado que conheço, porque vens sempre. Ainda que vivamos neste cruel mundo onde só há Pai para os que se portam bem, ainda vou tendo fé no Natal apesar de tudo. Não por causa de tudo.
Escrito a 21 de dezembro de 2025 por Francisco de Melo Ambrósio.



Fantástico 👏🏼👏🏼👏🏼💕💕